domingo, 29 de julho de 2007

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paisagens / macia e oblíqua pétala de rosa. sabes bem que gastaria anos e anos aperfeiçoando essa gota de orvalho que te define o lábio. corpo-borboleta-crepuscular em desejos coloridos na areia. asas ligeiras de precioso metal, como a dos meninos virgens que ainda não aprenderam a voar. águas envolvem-te para sempre, Tangerina. os desejos perderam-se nas maresias que já não evocam, nem o pouco vento que me acorda e alisa te desperta no pensamento. o mar levou-te, comeu-te. uma nuvem de corvos pousa no dia a morrer. foi simples vivermos assim, entre duas mantas num humilde abrigo de caniços e junco. sem mobília, sem tapetes, sem televisões, sem família, sem… a humidade entrava, noite após noite, nos corpos que tentavam ignorar-se, se recusavam, para mais violentamente se possuírem.

1 comentário:

sapatilha rota disse...

Post publicado às 21:21.