segunda-feira, 12 de março de 2007

Referendo? Não, obrigada!

No fórum da rede ex aequo está a ser discutido um possível referendo sobre os casamentos civis entre pessoas do mesmo sexo.

Num fórum com tantos utilizadores é fácil encontrar pessoas com opiniões em muito diferentes da nossa. Aliás, é uma prova de que em muitos dos casos a única coisa que nos une é a nossa orientação sexual e/ou identidade de género. Há quem defenda com unhas e dentes um referendo sobre este assunto pois numa democracia como a nossa o Governo não pode “alterar o código civil só porque lhe apetece, é preciso haver um consenso de ideias”. Há também os que se mostram contra o referendo pois sabem que em Portugal as hipóteses de este assunto ter a maioria dos votos são praticamente inexistentes. Há até quem seja contra o casamento civil!

Sou contra a realização de um referendo sobre esse assunto pois acho que os direitos não devem ser referendados. Um país que trata os seus cidadãos de maneira diferente, que tem cidadãos de segunda, não é um país democrático. Não sou contra por ter medo de uma derrota no referendo, sou contra porque sou uma cidadã portuguesa com os mesmos deveres que os cidadãos heterossexuais e no entanto não me permitem casar com a pessoa que amo, do mesmo sexo que eu, adulta e responsável. Não tenho os mesmos direitos. Sou uma cidadã de segunda!

O direito ao casamento civil é um direito que deve assistir a todos os cidadãos portugueses, independentemente do número de casamentos ou mesmo divórcios que se venham a realizar. O casamento civil é um contracto entre duas pessoas que pretendem constituir família e não está relacionado com valores morais ou religiosos. A alteração do Código Civil está dependente da vontade do governo que diz estar demasiado ocupado com outros assuntos. Demasiado ocupados para tratar de direitos humanos, digo eu.

O direito ao casamento dá aos homossexuais e bissexuais os mesmos direitos que os heterossexuais têm, não tiram direitos nenhuns a ninguém, não há ninguém prejudicado com essa alteração no Código Civil, não faz sentido ir a referendo.

5 comentários:

Pequenos Nadas disse...

concordo contigo quando dizes que direitos não devem ser referendados mas a mim não me chocaria se houvesse o referendo se fosse essa a hipótese da opção de escolha do casamento ir para a frente, sou a favor do direito de optar (casar ou não casar seja igual para todos as pessoas, seja ela qual fora orientação sexual)

Pequenos Nadas disse...

contrato sim para dar satisfações à família e amigos próximos uma forma de oficializar ou de "formalizar" aos olhos dos outros a união entre duas pessoas e claro tb uma forma de obter previlégios óbvios em termos de irs e outros impostos, porque a constituição de família faz sem ser através do casamento.

Pequenos Nadas disse...

isto sou eu a tecer considerações à medida que for pensando, valores reliogiosos não pq o casamento é civil mas envolve sim valores morais. Achas que passa no parlamento mais depressa do que através de referendo?uma questão que ainda tenho de pensar melhor...

Mistinguette disse...

Concordo plenamente e sinto isso mesmo: que sou uma cidadã de 2ª, com deveres iguais e direitos menores. bom, bom, era que aparecesse outra fadinha que aprovasse a lei como aconteceu com o 13º artigo :P

Pequenos Nadas disse...

As fadinhas que fazem com que sejam aprovadas estas leis e que fazem também a mudança de mentalidades somos nós todos no activismo.....